Há um ditado que adoro: "As fotografias boas são tiradas com câmaras boas. As fotografias excelentes são tiradas com o coração e a alma."
Diria que, quando fotografamos seres humanos, estamos provavelmente no campo mais dinâmico e desafiante em fotografia. Os fotógrafos nunca devem esquecer-se de que posar para uma fotografia é um ato de confiança. É uma arte frágil e delicada que temos de respeitar.
Por vezes, dizem-me que gostam da minha confiança, porque assim se sentem mais à vontade. Essa confiança vem do facto de estar bem preparado, pelo menos em termos técnicos. Se nos concentrarmos demasiado nos números f e na gestão da câmara, por exemplo, simplesmente não temos atenção suficiente dedicada ao nosso objeto.
Conheça o seu equipamento e utilize-o.
A melhor parte é que a câmara pensa por mim, permitindo que mantenha a minha atenção focada e fixada naquilo que é o mais importante na minha imagem, ou seja, no objeto. Utilizei todas as câmaras Sony Alpha 7, mas atualmente estou a utilizar a emblemática Sony Alpha 1. O sensor de alta resolução oferece-me todos os detalhes de que preciso para o trabalho comercial e editorial, com a velocidade necessária para captar as mais subtis alterações na expressão facial.
A meu ver, a AF de olhos foi uma das melhorias mais importantes na tecnologia de câmaras da Sony. Fotografo muitas vezes músicos em condições de luz péssimas. O sistema de AF de olhos da Alpha 1 permite-me focar o olho, mesmo que as condições de luz não sejam suficientemente boas para que o fotógrafo veja com os seus próprios olhos. Antigamente, este tipo de fotografia era assombrado pela preocupação de saber se as imagens estariam ou não focadas. Jã não tenho essa preocupação.
Uma história num fotograma
Temos de pensar no enquadramento da imagem como um pintor pensaria numa tela. Um dos erros mais comuns que os iniciantes cometem é focar a pessoa que pretendem retratar e esquecer-se do resto da imagem. Isto significa que preenchem dois terços da "tela" com algo inconsequente, e não deveria ser assim. Neste sentido, a minha abordagem à fotografia começa por pensar que não há plano de fundo nem primeiro plano, mas apenas um único aspeto, uma pessoa, e essa é a história no fotograma.
Se trabalhar com uma pessoa, tento sempre descobrir a sua história e enfatizar este aspeto pensando na forma de a contar através da minha lente. Mesmo que seja um simples retrato a preto e branco com um grande plano, tenho de estar sempre convencido primeiro do motivo que me leva a estar aqui e a fazer o que faço.
O que cada um vê no fotograma depende da distância focal da lente que utilizo. Atualmente, utilizo a 135mm, com a lente 135mm f/1.8 G Master, que é incrivelmente nítida. Apaixonei-me pela lente logo que a experimentei. Normalmente, utilizo-a para fotografias com maior profundidade e mais próximas, já que tem o bokeh mais suave. Também utilizo as lentes 85mm e 24-70mm G Master. As três lentes captam cerca de 90% dos retratos que fotografo, sendo a 135mm a minha lente de eleição. Contudo, se estiver a trabalhar no local e não quiser andar com muito peso, levo apenas uma lente, dependendo do tipo de fotografia.
Composição
A composição é divertida. Há apenas algumas regras que temos de conhecer tão bem que se tornam quase inconscientes. Depois disso, temos a liberdade de improvisar e deixar-nos levar pelos flashes de inspiração durante a sessão. É como na música; é preciso conhecermos a partitura antes de podermos começar a improvisar.
Se não tivermos as noções básicas bem consolidadas e começarmos a improvisar, podemos obter composições esquisitas; a ideia pode ser ótima, mas o enquadramento global é uma confusão. Vejo isso muitas vezes, e é especialmente perigoso para pessoas talentosas que têm muitas ideias e acham que podem ignorar as questões básicas.
Luz
Não podemos cingir-nos a acender ou apagar a luz sobre o nosso objeto. A luz tem muitas qualidades, como a cor, a intensidade, a nitidez e a direção. O principal é analisar e compreender a luz existente na cena, antes de decidirmos o que queremos fazer com ela.
Para mim, o processo de iluminação começa, muitas vezes, com pequenas movimentações em vez do imediato, por exemplo, adicionando grandes luzes, suportes e softboxes. Se movermos o nosso objeto, nem que seja apenas alguns metros, podemos obter uma luz completamente diferente. A mudança de ângulo em que estamos a fotografar também pode criar um plano de fundo e uma perspetiva totalmente diferente, uma vez mais, com a alteração no equilíbrio geral em termos de composição e luz.
Tenho muita liberdade para trabalhar em condições de luz natural, uma vez que o sensor da Alpha 1 pode ser utilizado com definições de alta sensibilidade sem que tenha de me preocupar com uma redução na qualidade de imagem. Posso fotografar capas de álbuns ou revistas com ISO 3200, tendo muito mais liberdade e espaço para a criatividade.
"Se trabalhares com afinco e gostares daquilo que fazes, tudo o resto vem por acréscimo"